As cicatrizes são marcas que não devemos fazer questão de esquecer, elas são belas, são lembranças de uma experiência que nos ensinou sobre a vida.
Estavam ali duas crianças de uns 8, 9 anos mostrando uma para a outra as suas cicatrizes. Foi engraçado ver que elas estavam literalmente competindo para ver quem tinha mais cicatrizes e quem tinha a história mais maneira sobre elas.
Percebi que elas não falavam da marca em si, se eram em baixo relevo ou em alto relevo, se eram grandes ou pequenas. Não falavam da dor que sentiram ao recebê-las. Também não falavam do choro que exprimiram ou engoliram junto com essa dor. Ao invés disso, em outras palavras, falavam sobre AVENTURAS que viveram, sobre a VONTADE de tentar algo novo e sobre a CORAGEM que elas possuíam.
O enfoque era o meio e não o fim. O brilho estava na peripécia do acontecimento e no que aquilo despertou nelas, a marca era apenas um bônus para a memória, um registro do FEITO e da SUPERAÇÃO.
Desde cedo somos incitados à aventura. Somos curiosos, queremos respostas, desbravamos, gostamos de desafios. Isso faz parte da descoberta da própria vida e da evolução. Desde cedo temos orgulho dos nossos feitos, mesmo quando os resultados não são perfeitos, mostramos para os pais, “olha o que eu fiz”.
Então, em que momento invertemos os valores e passamos a apreciar mais a chegada do que o próprio caminho? Em que momento começamos a achar que não somos bons o bastante, que o sucesso é ser o melhor e não apenas ser o MELHOR DE SI? Em que momento paramos de ver o lado bom das situações?
Acho que é no momento em que olhamos nossas “cicatrizes” apenas como resultado de dores e injustiças contra nós e esquecemos que na verdade elas são símbolos de uma existência vivida a favor da necessária superação. Como uma experiência que causa dor, abre feridas, mas que também nos faz amadurecer, nos faz crescer e nos dá oportunidade de fazermos coisas boas a partir de um aprendizado.
Que textos maravilhosos!!! Quero saber mais das suas reflexões em meio as vivências da vida!! Linda visão de Sophia.